O gato guru que quase virou churrasquinho

Por: Flávia De Vanderberg - 23:54


Em roda de amigos surgem várias histórias sem autor e sem origem. O gato guru é uma delas, que dividirei com você.
Era uma vez uma cidade pequena do interior, calma, harmônica e aparentemente saudável. De um dia para outro, apareceu um gato lindo, com pelos amarelos brilhantes e olhos esverdeados.
O que despertou a curiosidade da população não eram suas características físicas, mas, sim, seu poder de adivinhação. O tal gato era capaz de perceber, sinalizar e prever acontecimentos e situações.
Um exemplo foi ele sinalizar carinhosamente que a moça da papelaria estava paquerando o rapaz que trabalhava no escritório em frente. Em outra situação, o felino indicou que logo mais iria chover.
Acabou virando uma espécie de oráculo, o “guru” da cidade, sendo consultado por todos e para qualquer evento, inclusive sobre o escore de futebol ou os números  da loteria.
Assim como naquela cidade o gato era o “guru”, em muitas famílias e casamentos algumas pessoas possuem um potencial de intuição (experiências), sensibilidade e, muitas vezes, conseguem sinalizar, perceber e prever acontecimentos e situações que podem prejudicar o funcionamento saudável das relações familiares ou conjugais.
Por exemplo, o filho que não obedece a regras e limites colocados pelos pais, pode ter dificuldade em lidar com autoridade. Uma filha que se casa para ser livrar dos pais tende a vivenciar algum revés no casamento.
Mas, voltando ao gato, tudo ia bem até ele começar a ver o que não devia. O felino percebeu que o prefeito da cidade fraudava a população; um senhor, que se portava como um modelo de moral, tendo o nome reverenciado na cidade, era infiel a esposa; uma senhora, dita bondosa e caridosa com os pobres, maltratava os filhos em casa.
Em muitas famílias e alguns casamentos também funciona assim: o “mentor ou conselheiro”, que denuncia segredos, fraudes, mentiras, infidelidades, pode ser execrado do seio familiar.
Não é incomum encontrar situações que tais mentores são rejeitados e banidos da convivência por enxergarem problemas e falhas naquilo que mantinha o bom funcionamento das famílias, ou seja, as patologias. Quer um exemplo? Um membro da família é alcoolista, mas essa situação é mantida em segredo. Os mentores ou conselheiros, que enxergam a situação, sabem da gravidade do problema, mas sofrem pressões de todos para que se cale a ponto de adoecer ou serem chamados de “loucos”.
Caso você se identifique como mentor de sua família, saiba o que aconteceu com o gato guru: de tanto denunciar o que não devia, aos olhos dos outros, a população se revoltou e combinou de fazer dele o cardápio principal do churrasco para a comemoração do aniversário da cidade.
Para saber se você faz parte da turma do gato, liste cinco motivos que o levam a falar de coisas que as pessoas não querem ver e preferem jogar para debaixo do tapete. Em seguida, analise quais são os seus “ganhos secundários” ao denunciar algo errado no seu casamento ou na sua família.
Em outras palavras, para manter-se nesse papel de mentor, é preciso saber dos riscos que corre e dos ganhos que pode ter. De um lado, ao denunciar a infidelidade de alguém, por exemplo, você tenderá a ser abominado por uma parte dos familiares. Por outro, há aqueles que irão admirá-lo pela sua honestidade. Fica por sua conta decidir: o que é mais importante para você?
Um abraço a todos!
Sebastião Souza

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